Arquivo mensal: abril 2012

Underground, To Be or Not To Be? "Odeio o termo underground" diz Edu Falaschi ao G1

O que é ser underground? Será que tem mesmo a ver com a tradução literal do termo “debaixo da terra”? O que significa “sair do underground” afinal? 
Ao que me parece, Edu Falaschi se coloca numa posição superior, e vê o underground como algo que está abaixo, repulsivo. Como se todo evento fosse em “butecos podres com som horrível”, como se “sair do underground”, dessa angústia (segundo ele), fosse premissa para o sucesso.
Muitos que possuem uma visão parecida vêem o underground como limbo, mas se o Almah não é underground e também não é mainstream, eu diria que este sim é um limbo. 
Cannibal Corpse, Obituary, Deicide, Krisiun são bandas que tencionam o termo, complexificam, o que eu acho muito mais produtivo, essas bandas não tem problemas com essa terminologia, pois se elas podem ser consideradas mainstream hoje, é porque o público lhes deu essa chancela, e esse público pertence majoritariamente ao underground. 

“G1 – Você sente falta de ter reconhecimento no Brasil? Não falo dos fãs do estilo, mas do público em geral… 

Falaschi – Poderia ser maior com certeza. Para as pessoas enxergarem o heavy metal como potencial, como mais um mercado – apesar de a gente cantar em inglês. Canto em inglês por uma questão estética, o estilo soa melhor em inglês. Se fosse fazer por dinheiro, eu montaria uma dupla sertaneja. Eu sou metaleiro mesmo, de alma. As pessoas tiram o sarro, pode falar, não tem problema nenhum. Sou assim desde o começo da adolescência.

G1 – Como é essa história de você não gostar do termo “underground”? 

Falaschi – Eu não gosto mesmo. Porque algumas pessoas me criticaram, depois daquele vídeo [de 2011], querendo dizer que eu nunca fiz parte do underground, que eu era um “playboyzinho” que fiquei famoso depois que entrei no Angra, então acabei falando algumas besteira porque não manjo. E outra: as pessoas que falam isso não sabem da minha história. Eu tenho 20 anos de carreira, metade disso foi no underground, que essa é coisa que só tem boteco podre, com o som podre. 

Eu fico P. porque é um termo que, se você traduzir, você está abaixo do nível da terra, do chão.  Quem fica embaixo da terra, pra mim, é morto, defunto. A gente tem que pensar grande, as bandas deveriam querer sair do underground. Eu tenho muito orgulho de ter aprendido tudo que aprendi no underground, mas eu tenho mais orgulho de ter saído dele e de hoje viver no mundo real. Esse negócio de ficar tocando num barzinho para cem pessoas ser legal – isso aí é papo furado. Se você oferecer um milhão para o cara sair dali, ele sai na hora. Metaleiro que tem esses papos às vezes: “Sou true, sou metal, tem ficar no underground, tem que ser raiz!”. Eu não posso ser raiz, vivendo bem, comendo bem, em bons restaurantes, sustentando a minha família – eu não posso ter isso? 

G1 – Você acha que esse apego ao underground, essa falta de ambição, impede de tornar a coisa maior? 

Falaschi – Isso é coisa de quem não experimentou o outro lado. O rock tem um pouco desse radicalismo, e eu tenho lutado para quebrar isso aí. O cara nunca viveu o lado bom, muitas bandas não têm referência. O que elas conhecem é o quê? É o boteco podre, com equipamento lixo, iluminação ridícula… Mas se [essas bandas] tivessem a oportunidade de tocar em lugares bons… Devia mudar para todas as bandas entenderem o que é a vida real, o que é estar do nível do chão.”

Matéria completa em: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/04/odeio-o-termo-underground-diz-cantor-do-almah-e-do-angra.html

Mapa Mundial de bandas de Metal Per Capita

Talvez banguear seja uma boa forma de se manter aquecido. De acordo com este mapa feito por uma usuário da Reddit* chamado “depo_,” os países com maior número de bandas de Metal per capita (mostrado acima em vermelho-sangue) são todas as congeladas nações nórdicas: Finlândia, Noruega, Suécia, Islândia, e, em menor grau Dinamarca. 
Os dados provêm do Encyclopedia Metallum (http://www.metal-archives.com/browse/country) de bandas de Metal, ativas e inativas, comparados com os números das contagens nacionais de população da CIA.
A Finlândia é o mais “metálico” com 53,5 bandas de Metal por 100.000 pessoas, seguido por Suécia e Noruega empatados em 27,2, e, em seguida, Islândia, 22,7. Em comparação, EUA e  Reino Unido, onde em grande parte o Metal teve sua origem, conseguiram apenas insignificantes 5,5 e 5,2, respectivamente.
Segundo o mapa, o Brasil teria 0,41 bandas para cada 100.000 habitantes. Por mais que as informações estejam desatualizadas, seja pelo bando de dados do Metal Archives ou a contagem populacional da CIA, esse é um número bastante baixo, mas significativo.
Percebe-se que países que são menos densos populacionalmente tendem a ter uma média per capita mais alta, assim sendo, o “desempenho” Brasil, que possui mais de 190 milhões de habitantes (censo IBGE de 2010), não chega a ser tão preocupante. Isso só prova que o Metal no Brasil ainda tem muito/muitos a conquistar.
*Reddit (também reddit) é um site do tipo de publicações sociais no qual os usuários podem postar links para conteúdo na Web. Outros usuários podem então votar positivamente ou negativamente nos links postados, fazendo com que apareçam de uma forma mais ou menos destacada na página inicial do Reddit.

Behemoth, Watain, The Devil’s Blood, In Solitude proibidos de tocar em Ohio (EUA) devido a conflitos religiosos

Devido a conflitos religiosos o show das bandas Behemoth, Watain, The Devil’s Blood, In Solitude, que aconteceria em Columbus (Ohio EUA), teve de ser transferido para outro local.
Em nota enviada a Metal Blade Nergal comenta: 

“Wow, big motherfuckin’ WOW! We are facing a legendary moment: Amerika, the land of the free, is banning Behemoth coz of religious beliefs. The madness starts in Ohio, but of korz we are playing anyway. Nothing can stop us now. God, please save me from this freedom…”

“Estamos enfrentando um momento lendário: A América, a terra da liberdade, proibindo o Behemoth por causa de crenças religiosas. A loucura começou em Ohio, mas tocaremos de qualquer maneira. Nada pode nos parar agora. Deus, por favor de salve dessa liberdade …”*

A turnê Decibel Magazine Tour será a primeira do Behomoth de volta aos Estados Unidos desde que Nergal foi diagnosticado com leucemia. De acordo com o vocalista, esta será “a turnê mais satânica” a vir para os Estados Unidos desde muito tempo.**
Este é mais um exemplo de como a intolerância religiosa é presente não só no Brasil, como no mundo. Como Nergal mesmo comenta, um país que prega tanto a liberdade como os Estados Unidos não deveria, em pleno século XXI, deixar que questões deste tipo interferissem num show, num evento, ou qualquer manifestação cultural do gênero.
Acredito que a religião é e continuará sendo um dos grandes ponto de embate para o Metal.

*Tradução livre

**Fonte: http://www.metalinjection.net/tour-dates/behemoth-banned-at-ohio-venue-over-religious-beliefs